Para ajudar a formar opinião.
IMPRESSÕES SOBRE OS PROTESTOS NA PAULISTA
A maioria dos meus amigos mais politizados está tomando posição sobre este movimento, que vai ficando cada vez maior.
Algumas considerações a respeito:
- Toda multidão comporta uma minoria bagunceira e/ou violenta. Não se deve tomar a parte pelo todo. Manifestantes não são todos vândalos, da mesma forma q policiais (que também utilizam transporte público), em sua maioria, não são psicopatas. O dano q uns e outros causam, porém, é o que é mais divulgado. Cuidado: isso desvia a atenção do que é mais importante.
- Os tais 20 centavos são a famosa "gota d'água", de um país que faz tudo a toque de caixa. Constrói estádios "do nada", e dá mostra inequívocas de incompetência (vide o Engenhão, no RJ...), mas bate o pé contra um protesto legítimo.
- As mídias alternativas estão roubando a cena. Não mais dependemos de veículos parciais e/ou alinhados com o poder: temos relatos in loco, de pessoas q estiveram lá, e de analistas que enxergam além da superfície. É salutar ler o q eles dizem, para tomar uma posição mais embasada sobre o tema.
- Normalmente, formamos uma opinião quase imediatamente após sabermos de um fato ou evento. Depois, apenas procuramos aquilo que a confirma. A coragem, no caso, é mudar de opinião, frente às mudanças que vão se mostrando. Digo isso por mim: detesto bagunça, acho os "manifestantes profissionais" um bando de chatos hipócritas, não compactuo com aqueles que apenas criticam o tal do sistema - cheio de falhas - mas que pretendem substituí-lo por um sistema pior e já comprovadamente ineficiente. Mas mudei de ideia, ao ver o rumo q o movimento toma. Tirei os bagunceiros do foco, e comecei a enxergar além deles. Tenham sido eles que começaram tudo, ou não, a verdade é que o movimento começa a ser protagonizado por uma multidão representativa: não apenas os piqueteiros, não apenas os baderneiros, comunistas, chatos e outros, mas caras como eu e você, cansados dos desmandos do nosso ineficiente e corrupto governo.
- A mudança de paradigma que está se demonstrando (e que já é notícia fora do país) é surpreendente. Não deslegitimemos os protestos comparando-o ao q há lá fora. A primavera árabe protestou contra ditaduras, que felizmente não temos; mas devemos protestar, sim, contra um governo ineficiente, corrupto e mentiroso, que maquia índices inflacionários, e opera na surdina, arrochando as parcelas mais oprimidas, ou fazendo que nós - a classe média - paguemos por seus caprichos. Este protesto é legítimo porque estes desmandos causam efeitos parecidos a de uma ditadura: separação de classes, favorecimentos de minorias, opressão e falta de voz a maioria, e sofrimento desnecessário.
- Saiamos de nossos lugares para enxergar a proporção que isso toma. Desde o movimento caras pintadas não acontecia algo do tipo, e há uma significativa diferença: este era apoiado pelas mídias mais poderosas, que tinham interesse em rifar o incontrolável Collor, enquanto que neste caso, somos apenas nós, o povo, contra as mídias e contra o governo. É o povo protestando por si só, contra aquilo q o afeta e o cansa. Isso é um marco na nossa história.
- Reveja sua posição (qualquer que seja), discutindo a respeito. Ou você irá reforça-la, com melhores argumentos, ou poderá mudar de ideia, o q aconteceu comigo.
- Este movimento traz uma marca política incontestável: o povo que acorda e percebe seu poder; as classes q se solidarizam umas com as outras, porque, tirando a maioria AAAem seus SUV's idiotas
torrando toneladas de gasolina, todas as outras percebem que são sacrificadas;
se derrubam alguns muros que nos separam em classes e categorias, e isso tem
importância cabal.
- Amigos meus já se organizam para participar das próximas manifestações. O movimento arrasta o povo de bem - como eu e você - a tomar uma posição, e faz enxergar que a causa do povo é legitima. Chega de conformismo, chega
A maioria dos meus amigos mais politizados está tomando posição sobre este movimento, que vai ficando cada vez maior.
Algumas considerações a respeito:
- Toda multidão comporta uma minoria bagunceira e/ou violenta. Não se deve tomar a parte pelo todo. Manifestantes não são todos vândalos, da mesma forma q policiais (que também utilizam transporte público), em sua maioria, não são psicopatas. O dano q uns e outros causam, porém, é o que é mais divulgado. Cuidado: isso desvia a atenção do que é mais importante.
- Os tais 20 centavos são a famosa "gota d'água", de um país que faz tudo a toque de caixa. Constrói estádios "do nada", e dá mostra inequívocas de incompetência (vide o Engenhão, no RJ...), mas bate o pé contra um protesto legítimo.
- As mídias alternativas estão roubando a cena. Não mais dependemos de veículos parciais e/ou alinhados com o poder: temos relatos in loco, de pessoas q estiveram lá, e de analistas que enxergam além da superfície. É salutar ler o q eles dizem, para tomar uma posição mais embasada sobre o tema.
- Normalmente, formamos uma opinião quase imediatamente após sabermos de um fato ou evento. Depois, apenas procuramos aquilo que a confirma. A coragem, no caso, é mudar de opinião, frente às mudanças que vão se mostrando. Digo isso por mim: detesto bagunça, acho os "manifestantes profissionais" um bando de chatos hipócritas, não compactuo com aqueles que apenas criticam o tal do sistema - cheio de falhas - mas que pretendem substituí-lo por um sistema pior e já comprovadamente ineficiente. Mas mudei de ideia, ao ver o rumo q o movimento toma. Tirei os bagunceiros do foco, e comecei a enxergar além deles. Tenham sido eles que começaram tudo, ou não, a verdade é que o movimento começa a ser protagonizado por uma multidão representativa: não apenas os piqueteiros, não apenas os baderneiros, comunistas, chatos e outros, mas caras como eu e você, cansados dos desmandos do nosso ineficiente e corrupto governo.
- A mudança de paradigma que está se demonstrando (e que já é notícia fora do país) é surpreendente. Não deslegitimemos os protestos comparando-o ao q há lá fora. A primavera árabe protestou contra ditaduras, que felizmente não temos; mas devemos protestar, sim, contra um governo ineficiente, corrupto e mentiroso, que maquia índices inflacionários, e opera na surdina, arrochando as parcelas mais oprimidas, ou fazendo que nós - a classe média - paguemos por seus caprichos. Este protesto é legítimo porque estes desmandos causam efeitos parecidos a de uma ditadura: separação de classes, favorecimentos de minorias, opressão e falta de voz a maioria, e sofrimento desnecessário.
- Saiamos de nossos lugares para enxergar a proporção que isso toma. Desde o movimento caras pintadas não acontecia algo do tipo, e há uma significativa diferença: este era apoiado pelas mídias mais poderosas, que tinham interesse em rifar o incontrolável Collor, enquanto que neste caso, somos apenas nós, o povo, contra as mídias e contra o governo. É o povo protestando por si só, contra aquilo q o afeta e o cansa. Isso é um marco na nossa história.
- Reveja sua posição (qualquer que seja), discutindo a respeito. Ou você irá reforça-la, com melhores argumentos, ou poderá mudar de ideia, o q aconteceu comigo.
- Este movimento traz uma marca política incontestável: o povo que acorda e percebe seu poder; as classes q se solidarizam umas com as outras, porque, tirando a maioria AAA
- Amigos meus já se organizam para participar das próximas manifestações. O movimento arrasta o povo de bem - como eu e você - a tomar uma posição, e faz enxergar que a causa do povo é legitima. Chega de conformismo, chega
de passividade. Acordemos! Vivemos uma democracia,
com direito a voto, em um dos melhores "mundos" possíveis da
modernidade, mas deixamos tudo nas mãos de qualquer um que convença uma parcela
a votar nele. Isso cobra um preço alto. Nossa passividade cobra um preço alto,
como, por exemplo, pagar três vezes por um serviço: você paga o SUS, pelos
impostos; mas paga seu convênio; mas precisa de um médico q nenhum dos dois
cobre, então, paga o médico particular. Percebe? Só nós somos prejudicados pela
"bovinidade" com que encaramos a vida.
- Não se apegue a um argumento ou simpatia. Você gosta da polícia? Você odeia a polícia? Você enxerga "conspirações" em tudo? Vc detesta a Globo, ou a imprensa? Nada disso realmente importa agora. Somos um povo se reunindo para marchar, para reivindicar poder, de uma forma inédita.
- A violência não leva a nada, mas o imobilismo, menos ainda. Isso é importantíssimo. Jamais defenderei a violência, e o ideal seria protestos pacíficos. Mas sejamos realistas: isso é possível, ou é utópico? Enquanto houver uma minoria baderneira, e uma polícia q confunde autoridade com castigo, a paz em protestos é um sonho.
- Por último, se for protestar, não vá para brigar. Se preserve. use seu direito legítimo de reivindicar, de ir e vir, de clamar por mudanças. Pacificadores, como Gandhi e Mandela, conseguiram muito mais que belicistas.
Vamos discutir a respeito?
Alberto Nannini
- Não se apegue a um argumento ou simpatia. Você gosta da polícia? Você odeia a polícia? Você enxerga "conspirações" em tudo? Vc detesta a Globo, ou a imprensa? Nada disso realmente importa agora. Somos um povo se reunindo para marchar, para reivindicar poder, de uma forma inédita.
- A violência não leva a nada, mas o imobilismo, menos ainda. Isso é importantíssimo. Jamais defenderei a violência, e o ideal seria protestos pacíficos. Mas sejamos realistas: isso é possível, ou é utópico? Enquanto houver uma minoria baderneira, e uma polícia q confunde autoridade com castigo, a paz em protestos é um sonho.
- Por último, se for protestar, não vá para brigar. Se preserve. use seu direito legítimo de reivindicar, de ir e vir, de clamar por mudanças. Pacificadores, como Gandhi e Mandela, conseguiram muito mais que belicistas.
Vamos discutir a respeito?
Alberto Nannini